Saber que um novo membro da família está chegando é certamente um momento de muita alegria para pais, avós, irmãos e primos, mas é preciso saber que toda gestação precisa de cuidados. Porém, as primeiras semanas de gravidez são cruciais. É no primeiro trimestre, geralmente até a 14ª semana, que ocorre a maioria dos abortos espontâneos, mas também a formação do cérebro e do coração do feto.

Sendo assim, esse período tende a preocupar muitos médicos e grávidas. No entanto, você sabe quais cuidados tomar nessa fase da gestação? Confira, a seguir, tudo o que acontece nos três primeiros meses de gestação.

Onde mora o perigo

“Em uma situação ideal, os cuidados deveriam começar antes mesmo da decisão de engravidar”, afirma Victor Bunduki, especialista em medicina fetal, professor da Faculdade de Medicina da USP e professor assistente da Universidade René Descartes, de Paris, França. Na fase pré-concepcional, o obstetra pode analisar os antecedentes obstétricos e genéticos do casal, levantando casos de abortos recorrentes e de problemas de fundo genético, como a síndrome de Down. “A suplementação com ácido fólico é outro cuidado que, quanto antes for iniciado, melhor. A carência desse nutriente está diretamente relacionada à maior incidência de problemas neurológicos graves, como a ocorrência de DFTNs (defeitos no fechamento do tubo neural do bebê), que pode resultar em anencefalia”, alerta Bunduki.

Também é hora de imunizar a mãe contra doenças que possam comprometer a formação do feto, como a rubéola e a hepatite B. É o momento ainda de as hipertensas equilibrarem a pressão arterial, de as diabéticas controlarem o nível glicêmico e de as mulheres com tendência a engordar ou que começam a gestação mais pesadas iniciarem uma dieta para manter o peso em limites aceitáveis sem comprometer o desenvolvimento do bebê.

Afastando o risco de abortos


É preciso lembrar que o embrião possui metade da carga genética do pai e que essa bagagem é “estranha” ao organismo materno. Em circunstâncias normais, o bebê dribla o sistema imunológico da mãe e consegue chegar ao útero, dando início ao seu desenvolvimento e à formação da placenta, que vai nutri-lo e protegê-lo até o final da gestação. Há casos, porém, em que esse script fica incompleto. Um dos riscos é de que o sistema imunológico da mãe rejeite o embrião por considerá-lo um corpo estranho, provocando um aborto precoce.

Grávidas muito especiais

Os primeiros meses de gestação são particularmente críticos também, para as mulheres com distúrbios que alterem a circulação ou sejam de fundo auto-imune. “Diabéticas, hipertensas, portadoras de problemas de tireóide ou de hipófise. Exigem cuidados redobrados ao longo de toda a gestação, mas no primeiro trimestre, eles são ainda mais indispensáveis”, alerta o ginecologista João Bortoletti, especialista em medicina fetal do departamento de obstetrícia da Universidade Federal de São Paulo. Essas disfunções comprometem a liberação de hormônios essenciais para o bom crescimento das células, prejudicando o desenvolvimento do bebê.

Outra complicação especialmente grave no primeiro trimestre são doenças como toxoplasmose, rubéola e citomegalovirose, que também prejudicam a formação da placenta e do bebê. Seja qual for o caso, a medicina fetal hoje possui recursos para identificar e tratar precocemente muitos desses problemas. Dois exames são superimportantes para as mulheres que estejam em um desses grupos de risco ou tenham mais de 35 anos: o ultra-som morfológico e a translucência nucal. O primeiro permite detectar qualquer alteração estrutural do feto, como ausência de órgãos e membros, enquanto a translucência pode identificar com pequena margem de erro problemas genéticos, como a síndrome de Down.

Mudanças de hábito

Se você está grávida ou planeja ter um bebê em breve, é hora de tomar alguns cuidados extras.
Suspenda o uso de analgésicos e antitérmicos. Só use remédios recomendados pelo obstetra.
Diante do menor atraso menstrual, asmáticas, diabéticas, hipertensas e portadoras de problemas vasculares precisam substituir ou regular as doses dos medicamentos que usam no controle dessas doenças.
Cremes dermatológicos que contenham ácido retinóico na fórmula não podem ser empregados, pois causam malformações. Evite também a exposição desnecessária a raio X.
Fumantes precisam abandonar o vício ou, pelo menos, reduzir o consumo para até quatro cigarros diários. Bebidas alcoólicas e outras drogas devem ser igualmente descartadas. O alerta vale também para o futuro papai.
Elimine ou diminua significativamente o consumo de cafeína, presente no café, chá preto, refrigerantes à base de cola e chocolates.
Se você é adepta de atividades físicas de alto impacto, converse com o obstetra sobre a conveniência de diminuir o ritmo nesse primeiro trimestre.
Previna-se contra a toxoplasmose. Não coma carnes cruas ou malpassadas e lave muito bem frutas e verduras. Use luvas sempre que manusear carnes cruas ou mexer na terra. Se tem gato, peça a outra pessoa para limpar a caixinha de areia do bichano.

Os cuidados com a alimentação na gravidez


A palavra de ordem nesse período é equilíbrio. Da mesma forma que o bebê precisa receber nutrientes provenientes de alimentos de alta qualidade, também é preciso pensar na saúde mental da mãe, que sentirá um impulso maior em ingerir alimentos menos saudáveis.

O importante é priorizar o ferro e o ácido fólico nos primeiros três meses, assim como alimentos ricos em carboidratos. Para isso, é possível aumentar a ingestão de arroz, batata cozida, macarrão integral, folhas verde-escuras, castanhas e frutas cítricas.

Também é importante apostar em frutas, como banana, laranja e abacate, além de grãos integrais, tais como aveia, pães e cereais.

Além da importancia da aliemntação saudadel, é importante tomar cuidado com alimentos podem prejudicar o desenvolvimento do bebê e a saúde da gravidez.
Além de substâncias tóxicas como o álcool e o excesso de açúcar, alimentos como peixes crus e frutas e legumes mal lavados devem ser evitados, pois podem estar contaminados com micro-organismos que afetam o bebê.

Veja a seguir uma lista com os alimentos que devem ser evitados durante esta fase da vida.

1. Peixes crus e carnes mal passadas


Os peixes crus, como sushi, e as carnes mal passadas devem ser evitados porque podem estar contaminados com a bactéria listeria, que pode causar aborto e parto prematuro, ou com doenças como a cisticercose, que pode afetar o sistema nervoso e prejudicar o funcionamento do cérebro.

2. Ovos crus


Os ovos crus e mal passados devem ser evitados porque podem conter a bactéria salmonella, que pode causar diarreias graves, vômitos, febre e morte.

Por isso, também é importante evitar o consumo de sobremesas, molhos e temperos caseiros que usam ovos crus na receita, como a maionese caseira e o molho Caesar.

3. Leite não pasteurizado


Os leites não pasteurizados, como leites vindos diretamente de sítios ou de fazendas, devem ser evitados porque contêm elevado número de bactérias que causam infecções intestinais, diarreias e mal estar.

Assim, deve-se sempre consumir leites pasteurizados ou leite UHT, que passam por tratamentos em temperaturas elevadas para eliminar os micro-organismos que possam estar presentes no alimento.

4. Queijos pastosos e não pasteurizados


Queijos pastosos como brie, camembert, gorgonzola e danish blue, contêm muita água e podem ter a bactéria listeria, que pode causar dores de cabeça, tremores, convulsões e meningite, afetando também o sistema nervoso do bebê e, nos casos mais graves, levando à morte.

5. Frutas e legumes mal lavados


As frutas e os legumes mal lavados são fontes de contaminação da doença toxoplasmose, que pode causar aborto, parto prematuro, mal formações e morte do bebê.

Assim, todos os vegetais devem ser bem lavados antes do consumo, e deve-se evitar ingerir vegetais crus fora de casa. Veja os sintomas e como prevenir a toxoplasmose.

6. Atum em lata


Peixes como atum, cavala, peixe-espada, cação e garoupa devem ser evitados durante a gravidez porque contêm elevados níveis de mercúrio, metal que pode prejudicar o desenvolvimento adequado do sistema nervoso do feto.

Por isso, deve-se preferir peixes como sardinha, truta, arenque, pescada, cavalinha e atum de viveiro, pois são mais seguros para a saúde da grávida e do bebê.

7. Café


Alguns estudos mostram que o excesso de cafeína pode causar abortos, e por isso recomenda-se que mulheres grávidas consumam no máximo 300 mg de cafeína por dia, o que equivale a 2 ou 3 xícaras de café.

8. Alimentos com cafeína


Para evitar o excesso de cafeína, alimentos que contenham essa substância também devem ser evitados pelas grávidas, como refrigerantes do tipo cola, chá verde, chá preto e chá mate. Veja uma lista completa de chás que devem ser evitados durante a gravidez.

9. Adoçantes

Apesar de maior parte dos adoçantes serem seguros para a saúde, as grávidas devem evitar adoçantes artificiais, como ciclamato e aspartame, preferindo adoçantes naturais à base de sucralose ou estévia, que são seguros para o bebê mesmo em quantidades elevadas.

10. Bebidas alcoólicas


As bebidas alcoólicas devem ser evitadas porque o álcool se acumula no organismo do feto, que não tem a capacidade de eliminar essa substância do corpo, podendo causar parto prematuro, atraso no crescimento e malformações cardíacas.