Como resultado do rápido envelhecimento populacional global, a incidência de doenças cardiovasculares relacionadas à idade está aumentando, assim como a frequência da prescrição de estatina.
As estatinas se tornaram não apenas um dos medicamentos mais prescritos na história farmacêutica. Elas também são geralmente bem toleradas e seguras para prevenção e tratamento de longo prazo de doenças cardiovasculares.
No entanto, com o aumento da frequência de uso, houve maior reconhecimento de seus efeitos colaterais. Os efeitos comumente reconhecidos incluem aqueles em músculo esquelético, fígado e rim, bem como resistência à insulina. Além disso, os efeitos adversos no cérebro, particularmente a perda de memória, estão sendo cada vez mais relatados, especialmente nos idosos.
Por isso, é importante compreender melhor os efeitos das estatinas na cognição e possíveis mecanismos desses efeitos. Este artigo analisou estudos relevantes da relação entre desempenho cognitivo e uso de estatina. Incluíram artigos publicados entre 1992 e 2018.
Identificaram, de forma intensa, evidências críveis de comprometimento cognitivo induzido pela estatina. No entanto, esse achado deve ser abordado com cautela, pois uma associação não prova causalidade.
A avaliação de todos esses estudos indicou que o declínio cognitivo associado à estatina é uma entidade real. Os mecanismos prováveis para explicar os efeitos adversos incluem:
– Redução da síntese da coenzima Q10 com consequente aumento do estresse oxidativo e redução da produção de energia cerebral;
– Esgotamento da mielina do sistema nervoso central pela inibição da síntese de colesterol.
Concluímos que o declínio cognitivo induzido pela estatina existe, precisa ser melhor reconhecido e requer mais estudos de prevenção e tratamento.