GRAVIDEZ

Semanas de gravidez

Evolução da gravidez

O desenvolvimento da vida intra-uterina é um período fantástico e único. Inicia-se numa única célula que posteriormente se divide em várias células que acabam por formar os vários tecidos e órgãos.

A vida in útero divide-se em dois grandes períodos:

  • Período embrionário– O período embrionário é também denominado de “organogênese” que vai até à 12ª semana de gestação. É um período extremamente importante, pois é durante este tempo que se formam todos os órgãos. É o período de maior sensibilidade às agressões e o de maior vulnerabilidade para o aparecimento das malformações fetais.
  • Período fetal– Após as 12 semanas de gravidez temos um feto já completamente formado e aqui começa a fase fetal que vai até ao nascimento. Este é um “período de amadurecimento” ao longo do qual os órgãos já formados acabam por adquirir a sua estrutura definitiva, essencial para a vida autónoma fora do organismo materno.

Descrevemos ao longo desta apresentação a fantástica evolução do desenvolvimento da vida intra-uterina, bem como tudo sobre os principais cuidados que todas as mulheres grávidas devem tomar, desde a primeira à última semana de gravidez.

1 (uma) a 4 (quatro) semanas

Após a fecundação do óvulo com o espermatozoide surge uma célula (zigoto) que vai se dividindo em várias células que formam a mórula (8 a 16 células). O estágio de mórula ocorre 3 a 4 dias após a fecundação, coincidindo com a entrada do embrião no útero. Aqui continuam as sucessivas clivagens onde há formação de uma cavidade interna e assim o embrião passa à fase de blastocisto.

Nesta fase poderá começar a sentir alguns enjoos, particularmente de manhã, fruto da intensa atividade hormonal que ajuda a criar as condições necessárias para a fixação do embrião na parede uterina, etapa fundamental para a continuação da gravidez.

Na 4ª (quarta) semana de gravidez as células trofoblásticas (do blastocisto) penetram em profundidade e destroem as células do revestimento uterino, criando os lagos venosos, estimulando o crescimento de novos capilares, e iniciam a formação e desenvolvimento da placenta.

Nesta altura pode acontecer uma pequena perda sanguínea vaginal, muitas vezes, confundida com a menstruação.

A massa celular do blastocisto divide-se formando um disco com 2 camadas de células. A camada superior dará origem ao embrião e a cavidade amniótica e a inferior dará origem à vesícula vitelina.

Inicia-se a formação do sangue e dos vasos sanguíneos e uma linha celular aparece na superfície do disco embrionário. Esta linha primitiva é a gênese da ectodermamesoderma e endoderma partes constituintes do feto e posteriormente do bebé.

Na ecografia transvaginal, nesta altura, ainda não se consegue visualizar as estruturas descritas. Vê-se apenas o forro do útero (endométrio secretor) muito espessado.

Nesta altura o período menstrual não veio e a mulher deve fazer um teste de gravidez para saber se está grávida. Se deu positivo, deve-se fazer uso de um suplemento com ácido fólico.  Esta é uma vitamina muito importante para o bom desenvolvimento do sistema neurológico do feto.

Deve nesta altura procurar o seu médico obstetra para fazer a 1ª (primeira)  consulta pré-natal

5 (cinco) semanas de gravidez

É na 5ª (quinta) semana de gravidez  que o disco trilaminar achatado (1 mm) se dobra e torna-se num embrião cilíndrico.

Inicia-se o desenvolvimento crânio-caudal. O embrião alonga-se (5mm) e nele se distingue a região cefálica e a caudal.

Forma-se o eixo longitudinal precursor da formação do esqueleto. O sistema nervoso está em desenvolvimento.

As paredes do coração estão a formar-se e as células cardíacas começam a bater no final desta semana.

Os rins, músculos, ossos e fígado começam a desenvolver-se.

É nesta altura que começam os primeiros sintomas de gravidez! Eles são muitos e podem não surgir todos ao mesmo tempo.

Após este período o médico obstetra pode realizar uma ecografia (ou ultrassonografia) obstétrica precoce (transvaginal). Na Ecografia transvaginal visualiza-se o saco gestacional, a vesícula vitelínica e o embrião (3-5 mm) que no final desta semana já possui atividade cardíaca (após as 5 semanas e 5 dias).

ecografia permite também verificar se a gestação está se desenvolvendo dentro do útero. Em algumas situações, pode ocorrer uma gravidez ectópica, ou seja, quando a gravidez se instala fora do útero (ovário e trompas). A gravidez ectópica é uma condição grave que pode colocar em risco a vida da mulher. A ecografia obstétrica também é bastante útil para datar a gravidez, verificar se a data da menstruação está correta, determinar a data provável do parto e verificar a viabilidade da gravidez.

6 (seis) semanas de gravidez

Na 6ª (sexta) semana de gravidez o crescimento do embrião acelera. A região cefálica desenvolve-se consideravelmente e o embrião assemelha-se a um girino.

A cabeça é proeminente e os membros, face, ouvidos, nariz e olhos estão em desenvolvimento. Os botões dos membros desenvolvem-se como projeções em forma de remo. O coração bate por si próprio fazendo circular o sangue por todo o corpo.

Os sintomas da gravidez tendem a tornar-se mais intensos, presença de dor mamária. Os enjoos intensificam-se e o cansaço também.

Na ecografia transvaginal visualiza-se a pequena placa embrionária com batimentos cardíacos e que mede entre 4 a 8 mm.

Ainda não se consegue distinguir o polo cefálico e caudal nem as extremidades do embrião.

7 (sete) semanas de gravidez

Na 7ª (sétima) semana de gravidez o comprimento do embrião é de cerca de 13mm. A reorganização e fusão dos arcos branquiais e da proeminência frontal formam a face. Começa a distinguir-se as narinas e o sulco das gengivas. Os olhos em cada lado da cabeça são pontos escuros. O corpo embrionário é uma estrutura em forma de “C”.

Todos os órgãos estão em desenvolvimento, todavia ainda não funcionam.

Surgem os sulcos interdigitais que conduzirão à separação final dos dedos das mãos e dos pés.

O cérebro atravessa uma fase de grande desenvolvimento. Estabelecem-se as primeiras ligações nervosas entre a retina e o cérebro.

Os testículos e os ovários são, ainda, um aglomerado de células. O sexo é determinado no momento da fecundação (cromossoma XY para embrião masculino e cromossoma XX para embrião feminino, onde a presença do cromossoma Y origina a formação dos testículos e a sua ausência origina a formação dos ovários).

As mudanças fisiológicas da gravidez continuam e há uma grande produção de hormônios (B-HCG) fazendo com que os sintomas continuem, causando as alterações emocionais.

Na ecografia transvaginal visualiza-se um embrião (comprimento crânio-caudal) com 10-12 mm. Aparece o esboço dos membros superiores.

O embrião começa a curvar-se sobre si mesmo. No polo cefálico aparece uma vesícula que corresponde ao romboencéfalo.

Pode identificar-se o cordão umbilical..

8 (oito) e 9 (nove) semanas de gravidez

No início do 2º (segundo) mês de gravidez, o embrião tem cerca de 30 mm de comprimento (céfalo-caudal).

Os órgãos assumem progressivamente a sua forma definitiva e começam a funcionar.

Na ecografia (transvaginal) é possível observar:

  • o esboço dos membros inferiores;
  • identifica-se perfeitamente o contorno embrionário;
  • o polo cefálico cresce e aparecem novas vesículas no seu interior;
  • pode-se identificar o tubo neural em corte longitudinal;
  • começam os movimentos embrionários;
  • a cavidade amniótica aumenta dentro da cavidade coriônica e alcança 50% desta;
  • visualiza-se bem o cordão umbilical e a sua inserção .

10 (dez) e 11 (onze) semanas de gravidez

A cabeça é ainda relativamente grande e representa 1/3 do seu comprimento total.

A testa é alta e proeminente. Os olhos passam de uma posição lateral para a região anterior da face. Um conjunto de pelos e vibrissas crescem no lábio superior, mãos e sobrancelhas.

À 10ª (décima) semana de gestação na ecografia (transvaginal) pode identificar-se:

  • Ventrículos laterais e os plexos coroideus;
  • Aparecem pontos de ossificação na cara fetal que junto com as clavículas são os primeiros a identificar-se;
  • Logo depois visualizam-se também os pontos de ossificação costais e vertebrais;
  • Começa a visualizar-se a segmentação das extremidades podendo identificar-se os dedos no final da 10ª semana;
  • No abdômen identifica-se a herniação fisiológica do intestino, que não se resolverá até ao final da 12ª semana;
  • A cavidade amniótica ocupa a maioria da cavidade coriônica;
  • Identifica-se bem o trofoblasto que será a futura placenta.

No final deste período – 1º (primeiro) trimestre de gravidez – normalmente acalmam alguns dos sintomas até aqui sentidos. Por norma, as náuseas diminuem ou mesmo desaparecem.

12 (doze) semanas de gravidez

Na 12ª (décima segunda) semana de gravidez atinge-se o final do período embrionário e começa o período fetal.

O feto tem um aspecto completamente humano, mede cerca de 5-6 cm de comprimento (crânio-caudal) e está completamente formado da cabeça aos pés. É a altura ideal para fazer a ecografia do 1º trimestre!

ecografia obstétrica morfológica do 1º trimestre deve ser realizada entre as onze e as treze semanas e 6 dias. É através desta ecografia que se pode avaliar toda a anatomia fetal, podendo-se detectar prematuramente algumas malformações.

Na ecografia do primeiro trimestre (veja imagens) é possível visualizar:

  • todos os órgãos fetais;
  • o estômago, o fígado, os rins e a bexiga;
  • a ossificação do crânio fetal é completamente visível;
  • na cabeça identificam-se os 2 plexos coroides separados pela linha inter-hemisférica (sinal borboleta);
  • às doze semanas o sexo pode ser corretamente determinado por um observador experiente através da observação dos genitais externos (embora só a partir das 16 semanas é que se consegue ter certeza);
  • avalia-se a integridade da parede abdominal embora às 12 semanas cerca de 20% dos fetos conservam a hérnia fisiológica intestinal;
  • identificam-se as 4 câmaras cardíacas com a saída dos grandes vasos;
  • visualiza-se a maioria das estruturas ósseas e os membros;

Através da realização desta ecografia são também avaliados marcadores ecográficos (translucência da nuca, osso nasal, ductos venoso, regurgitação) que simultaneamente com a idade da mãe e o rastreio bioquímico (dosagem B-HCG e PAPP-A) nos permitirão desconfiar de anomalias no feto (p.ex: o Síndrome de Down, Síndrome de Edwards, Síndrome de Patau)

Se ainda não fez os estudos ecográficos do 1º trimestre, está no momento certo de fazer.

Terminou o 1º trimestre de gravidez!

Normalmente, nesta altura as náuseas, os enjoos, o cansaço e o sono abrandam ou mesmo desaparecem.

risco de aborto ou gravidez não evolutiva diminuiu drasticamente a partir de agora. Está na hora de aproveitar melhor a gravidez!

13 (treze) a 18 (dezoito) semanas

No final do 4º mês o comprimento crânio-caudal é de 10 cm e o peso fetal é de 110 gramas. A cabeça e os membros superiores do feto são desproporcionalmente grandes. A face é relativamente larga e os olhos estão bastante afastados.

Alguns cabelos verdadeiros podem observar-se na região frontal inferior, mas as vibrissas das mãos desaparecem.

O sistema circulatório e urinário estão em plenas condições de funcionamento e o feto começa a excretar urina que contribui para a produção do líquido amniótico.

O local de inserção do cordão umbilical encontra-se acima da sínfise púbica.

Normalmente, é uma boa fase da gravidez! A partir das 16 semanas a mãe começa a sentir os movimentos fetais (o bebé a mexer-se). Isso tranquiliza-a. Inicialmente, os movimentos são muito sutis e, muitas vezes, confundidos com os movimentos intestinais. Mas muitas grávidas só sentem o seu bebé mais tarde e isso é normal.

Os ligamentos dos 2 lados do útero e as paredes da pelve vão esticando conforme o feto vai crescendo e é normal sentir uma dor abdominal ligeira (“pequena dor de barriga”).

Na ecografia (abdominal) começa a ser difícil visualizar todo o feto ao mesmo tempo. A anatomia fetal pode ser visualizada aos detalhes, no entanto, algumas estruturas ainda não estão completamente formadas, nomeadamente as estruturas cerebrais, pois possuem um desenvolvimento e maturação ao longo da gravidez.

19 (dezenove) a 24 (vinte e quatro) semanas

No final do quinto mês, o feto mede cerca de 22 cm, ou seja, cerca da metade do comprimento do feto de termo e pesa um pouco mais de 300 gramas.

A velocidade de crescimento do tronco e membros inferiores aumenta durante o resto da vida uterina, apesar de se manter uma desproporção entre ambas as partes após o parto.

O pelo macio e fino denominado lanugo cobre o feto e no final deste período as glândulas sebáceas são ativadas.

Os movimentos fetais tornam-se mais intensos, ou seja, o bebé mexe-se de uma forma mais enérgica.

É o momento ideal para fazer a ecografia do 2º trimestre ou ecografia morfológica. Esta é uma das ecografias mais importante da gravidez.

Todo o feto está formado e é o momento ideal para detectar malformações fetais.

O estudo ecográfico da anatomia fetal é importante não só para a identificação de todas as estruturas mas também para visualização de toda a anatomia detalhada.

A integridade e a verificação da anatomia fetal é o principal da ecografia do 2º trimestre.

24 (vinte e quatro) a 28 (vinte e oito) semanas

No final da semana 24ª semana de gravidez, o feto pesa cerca de 630 gramas. Um feto que nasce neste período pode tentar respirar, mas na maior parte dos casos não sobrevive uma vez que as estruturas necessárias para as trocas gasosas ainda não se encontram completamente formadas.

No final da semana 28 de gestação, o comprimento fetal aproxima-se dos 25 cm e o peso fetal é de cerca de 1,1 Kg (1100 gramas).

A face parece-se mais com a de uma criança, o lanugo é mais escuro e definem-se as sobrancelhas e as pestanas. A pele está marcadamente enrugada nesta fase, possivelmente porque cresce mais que o tecido conjuntivo subjacente.

Devido ao crescimento do feto, nesta altura a grávida queixa-se de algum peso ao fundo da barriga, que é perfeitamente normal. Os movimentos fetais tornam-se mais fortes e mais sentidos durante a noite.

Esta é a altura ideal para fazer a ecografia 3D e 4D, a partir das 25 semanas (entre os 6 e os 7 meses). A ecografia tridimensional (3D) e a ecografia tridimensional em tempo real (4D) permitem-nos visualizar o feto a três dimensões dentro do útero materno.

Em condições favoráveis, é possível obter imagens extraordinariamente reais do feto. A ecografia 3D e 4D também nos permite estudar melhor a anatomia do feto. 

28 (vinte e oito) a 32 (trinta e duas) semanas

Perto do final deste período existe viabilidade de sobrevivência, ou seja, se ocorrer um parto prematuro o feto consegue sobreviver, com o apoio tecnológico de unidades de cuidados intensivos neonatais.

No final da 32ª semana de gestação o feto atinge um comprimento aproximado de 28 cm e um peso próximo de 1,8 Kg (1800 gramas).

No final do sétimo mês, o feto cresce devido à acumulação de tecido celular subcutâneo. Desaparecem as rugas da pele. O cabelo da cabeça cresce mais e as pálpebras abrem.

O feto está agora bem maior, empurra as estruturas maternas e, por isso, nesta altura a grávida costuma referir falta de ar com os esforços e começa a ter azia.

Este é o momento ideal de fazer a ecografia do 3º trimestre com dopplerfluxometria (30-32 semanas).

A ecografia do terceiro trimestre permite-nos:

  • Avaliar o crescimento e bem-estar do feto;
  • Detectar malformações do feto de surgimento tardio;
  • Localização da placenta;
  • Avaliação do líquido amniótico;
  • Fluxometria do cordão umbilical e do feto (avaliação da circulação placentar e fetal);

32 (trinta e duas) a 36 (trinta e seis) semanas

No final da semana 36 de gestação, o comprimento fetal é aproximadamente 32 cm e o peso situa-se por volta dos 2,5 Kg (2500 gramas).

Durante o 8º (oitavo) mês, tanto a pele como o tecido celular subcutâneo tornam-se mais espessos. O corpo aumenta de tamanho e a aparência enrugada da pele desaparece. A pele é coberta uniformemente pelo vernix – uma mistura de material sebáceo e células epiteliais descamadas – que protegem a pele dos efeitos nocivos do líquido amniótico. O cabelo é mais espesso e longo e o lanugo começa a desaparecer exceto nos cílios e sobrancelhas.

Os membros inferiores (pernas) crescem rapidamente, mas são ainda mais curtos que os membros superiores (braços). As unhas crescem nas extremidades dos dedos. O corpo adota a forma de uma criança.

O bebé e a barriga da mãe estão muito grandes! A falta de ar ocorre agora mesmo em repouso. Também é frequente existir falta de ar ao dormir. A grávida queixa-se frequentemente de insônias, pois tem falta de ar ao dormir. A azia é também bastante frequente!

O bebé começa a ter menos espaço e os movimentos começam a diminuir de frequência, mas continuam fortes e, por vezes, dolorosos, cuja intensidade da dor pode variar de leve a moderada.

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36 (trinta e seis) a 41 (quarenta e uma) semanas

O feto torna-se mais redondo durante o último mês de gravidez. O lanugo desaparece da pele, exceto na área escapular..

O crescimento fetal nesta fase é mais caracterizado por acumulação de tecido subcutâneo do que pelo desenvolvimento dos órgãos e tecidos

Por norma, no momento do parto o peso varia entre 2,2 Kg (2200 gramas) e 4,5 kg (4500 gramas). Nas gravidezes múltiplas o tamanho de cada recém-nascido é geralmente menor. O comprimento corporal é cerca de 50 Cm. A circunferência da cabeça (perímetro cefálico) é de cerca 33 cm.

Nos recém-nascidos normais a circunferência torácica é geralmente menor do que a da cabeça.

Nesta altura a mãe não pensa noutra coisa. No dia do parto!